segunda-feira, 18 de junho de 2012

Crucifixo amor


              Seria quase noite. Não. Névoas. Seriam névoas em teu olhar. O céu era de um branco pardo. Pássaros distantes revoavam disformes, inquietos, e fixavam-se inertes por entre nuvens e véus, formando estrando desenho. Como que pressentimentos.
              Seiva de espinhos perfuram tu’alma, mãos nervosas e perversas dilaceram-te como se fosse ontem. Trêmulas córneas te observam estupefatas, em silêncio. Ao fitá-las, um misto de certezas várias recai sobre ti como se nada houvesse. O belo e o trágico acariciam-te, confundidos. Tremeluzentes lágrimas rasgam-se secas em tuas vestes pálidas. Estalidos. Arroxeadas dores escorrem quase místicas por entre dedos e nervos, em tuas entranhas, nos teus interstícios.  Os véus da noite acalentam celestiais o pálido sangue. Sacro. Estrelas fixas observam inertes amaríssimo dulçor na nívea lágrima que escorre, silente e branda tal qual o respirar de flores mudas em dias de inverno, afagando.
              Límpidos estigmas suspiram cansados e fenecem sacros. As pálpebras celestes se abrem e conduzem à superfície dos olhos reluzentes fios d’água.  A débil flor dói. Observa. Teu manto a embala como um berço e a faz repousar em campos místicos e todos os perfumes, a seiva da vida, o perfeito bálsamo descansa, em tuas veias crucifixas.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Dulcíssimos Estigmas


                                                       Para Pio de Pietrelcina

Crucifixos fios d’água
sublimados escorrem
 teus semblantes
sacros-
santos
sublimes
e perfumes...
dolentes perfumes.
Olhares
eucarísticos
transfiguram-se em amor,
por amor,
silentes.

Íntimos solilóquios
diálogos
olhares estigmatizados
sândalos
olentes traduzem
teus estigmas perfumados.

Pálidas pupilas tremeluzem
pequenas
em dores de cruz
Ó, Cruz, Ó, Cruz...
teus mistérios repousam almas
olores exclamam dolentes:
“Agnus Dei”
como um bálsamo.

sábado, 2 de julho de 2011

Totus Tuus (Todo Teu)


Jardins distantes Teu colo
perfumes abismam pequenos
jacintos e cintilam
em flores místicas
quando perdidas
em êxtases, divinos êxtases
em rósea flor da face
oculta
esquecida presença
é luz
quando se configura em orvalhos
esconde-se
em Teus berços perfumados.

Ó, doce Luz!
paraísos repousam Teus semblantes
como aurora
em doce regaço me aninho
abismo-me.
Suntuosos véus de asas
bordam céus em mistério, e se esvaem
como nuvens
como águias.

Minh’alma, pequena alma
sublima-se em júbilo
no exílio em mim
quando em Ti
configura-se em cânticos celestes
celestes cânticos
divinos
êxtases
saber-se Teu.